MAIS PÁGINAS BALEIAS!

quinta-feira, 31 de maio de 2012

BALEIAS EMBARCANDO PARA SEU MAIOR DESAFIO: COMRADES 2012! - SHOSHOLOZA

Baleias rumo a Africa por Gilmar Farias

Dentro da noite que me rodeia
Negra como um poço de lado-a-lado
Eu agradeço aos deuses que existem
Por minha alma indomável
Nas garras cruéis da circunstância
Eu não tremo ou me desespero
Sob os duros golpes da sorte
Minha cabeça sangra,
Mas não se curva,
Além deste lugar de raiva e choro
Para somente o horror da sombra
E, ainda assim a ameaça do tempo
Vai me encontrar e me achar, destemido
Não importa se o portão é estreito,
Não importa o tamanho do castigo.
Eu sou o dono do meu destino.
Eu sou o capitão da minha alma.

Invictus, poema de William Ernest Henley, eternizado por Nelson Mandela

Caros amigos e amigas!

É chegada a hora. Estamos em São Paulo, no aeroporto de Guarulhos, embarcando para Durban na África do Sul.

Marinês Melo, Wu Arantes e Miguel Delgado, três Baleias remanescentes do mega projeto inicial Baleias na Comrades. Lá estarão também os amigos Paulo Sampaio da Acorja e Maria José, da Tavares de São Paulo.

Os demais amigos da turma inicial, cada um com sua história, tiveram que adiar a vontade de correr a mais famosa ultramaratona do mundo em 2012.

Restamos nós três que ainda temos que viver e escrever o Desafio nas páginas de nossas vidas. Nem experimentada a prova já chegamos a conclusão que a chance de voltar a África do Sul em 2013 beira os 99%. 

Se não conseguirmos, ou algum de nós não conseguir, voltaremos para conseguir ou para correr junto com o que não conseguiu em 2012, pacto da trinca restante.

Se conseguirmos, a coceirinha do back to back deve nos levar de volta nessa aventura, pois apesar do estresse causado pelos treinos e pelas privações, conseguimos emagrecer um pouco e isso é vantagem.

Depois da Comrades vamos avaliar também o futuro de nossa carreira nas ultramaratonas. Wu vaticionou o que sentíamos mas que não conseguíamos exprimir corretamente. "As maratonas acrescentam momentos de alegria em nossas vidas, as ultramaratonas nos confiscam momentos de alegria que não temos certeza se estamos dispostos a conceder."

Pela primeira vez não passearemos antes de uma prova no exterior. Chegaremos, iremos à Exposição da prova e nos recolheremos para descansar como se monges fossemos.

Uma coisa é certa, daremos tudo de nós mesmos para cruzar a linha de chegada em até 11:59 hs.

Miguel diz não fazer drama, mas também afirma que se não conseguir nem sabe se volta para o Brasil.

Temos uma lista enorme de pessoas a agradecer pelo auxílio em nossa preparação, mas somente o faremos se conseguirmos o objetivo, para não maculá-los com nossa derrota. 

Se vencermos o Desafio dividiremos com todos os louros e o sabor da vitória, se derrotados pelas montanhas e quilômetros da África do Sul, sozinhos seremos responsáveis pelos erros na preparação.

Miguel e Wu, porém, pedem escusas para uma inconfidência não comum a esse blog: se conseguirem completar a Comrades faltará cerveja na África do Sul para eles nos dias que se seguirão!

Encerra esse abraço de despedida que damos ao Mundo Baleias, momento em que também agradecemos toda a força que nos foi dada em todo o período de preparação, mensagem que Gilmar Farias, amigo FPC da gente, mandou com o desenho que ilustra esse texto. 

Em Gilmar agradecemos a todos os que acreditam tanto na gente. E é fato que tantos acreditam tanto mais que nós mesmos!

"BALEIAS NA EXAGERADA COMRADES MARATHON

O mundo BALEIAS está em glória!

Em 2012, o sucesso da Comrades Marathon está garantido, pois o Baleal vai invadir a África do Sul para fazer uma grande festa.

Para quem corre com a cabeça, a distância será apenas um detalhe para o corpo se preocupar. Para quem carrega a alegria na sua forma de correr, a distância só ampliará o tempo de diversão

Essa é a minha contribuição para o projeto BALEIAS na África do Sul.

Penso que quem se mete numa empreitada como esta, sabe exatamente o que está fazendo. Miguel, o baleal vai correr para a sua melhor história, vai correr para a sua maior vitória. Todos sabem que a Comrades Marathon não é um negócio fácil de organizar. São 89 km de corrida, milhares de corredores de todo o mundo, largada em ondas, incontáveis postos de hidratação, medalhas para diferentes categorias e quilômetros de festa com a comunidade local celebrando o melhor esporte do mundo. Um negócio demasiadamente exagerado.

Esse excesso tem a cara e a filosofia BALEIAS. Essas alaranjadas criaturas correm pelo mundo em busca de diferentes emoções, de histórias para contar e orgulhar os seus filhos.

Meus amigos, boa sorte!

Gilmar"

Valeu Mundo Baleias, cada um de vocês que ligou, escreveu, ajudou, acreditou, rezou e vai continuar rezando e torcendo, está dentro do nosso coração! Nóóóó que cagaço!

Amamos vocês.

Marinês Melo, Wu Arantes e Miguel Delgado.


PS. Para os quem quiser acompanhar pelo site da Comrades, no domingo, nossa evolução e epopéia, seguem os números. Marinês (nº 52722), Wu (nº 30072) e Miguel (nº 32897). A diferença de fuso é de 5 horas, portanto, a largada em horário daqui será 00:30 do domingo.

Paulo Sampaio da Acorja é o nº 51879 e Maria José, da Tavares de São Paulo, nº 49992.

Ei, dor!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
Ei, medo!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou

O Sol - J. Quest

Nós vamos para a Comrades!


segunda-feira, 28 de maio de 2012

MARATONA DE BRASÍLIA, MAIS UMA ETAPA BALEIAS RUMO À COMRADES 2012!!

 
Querido Mundo Baleias.

No final de semana do dia 06 de maio último, uma semana após a Maratona da Linha Verde em Belo Horizonte, Elis, Ricardo Hoffmann e Cláudio Dundes comemoravam o aniversário de Lana Gomes em Arraial do Cabo, na K21, fazendo uma festa incrível que foi narrada nos blogs como uma aventura imperdível.
  
No sábado, os Baleias remanescentes de BH no Projeto Comrades viajavam, na companhia da 1ª dama Baleias Zilda Xavier, para correr a Maratona de Brasília, onde tentaríamos fazer um treino de 55 kms aproveitando os 42.195, da maratona da Capital Federal.

De Recife saia Marinês Melo, também remanescente do Projeto Comrades e guerreira de primeira.

Tinil, de Goiânia, que sofreu com o joelho em Belo Horizonte para completar a dura e problemática maratona da Linha Verde e do Japão na companhia dos amigos decidiu poupar-se na tentativa, ainda, de salvar o Projeto Comrades.
 
Já em Brasília reunimo-nos todos e logo encontramos com Borges e sua simpática corredora. Borges também esteve em Belo Horizonte para prestigiar nossa cidade na maratona da semana anterior. Agradecemos ao amigo o carinho e como corredores de BH pedimos desculpas pelos erros lá anotados.
 
A nossa passagem por Brasília seria tão rápida que o check-in da volta foi feito logo na chegada.

A ideia de aproveitar a estrutura da prova de Brasília para um longo de 55 kms surgiu a partir do preço das passagens na casa dos 69 reais e a gentileza impar de minha irmã, Tatau Godinho, grande incentivadora e mecenas Baleias, que nos recebeu os 5 em sua casa durante esse período e ainda comprou mamão, banana e gatorade à vontade para nós.
Baleias casual passeando num shopping para buscar o kit numa loja de roupas esportivas. Camisa muito boa no kit.
 Analisando o Plano Piloto para verificar os passeios possíveis.
Entramos no ônibus turístico. Nada mais Baleias do que os ônibus de turismo com cadeiras na parte de cima. É bom demais e dá uma visão geral da cidade permitindo descer nos locais mais significativos.
 Zilda aproveita mais uma oportunidade que o Mundo Baleias lhe concedeu depois da cessão de Wu. Finalmente conhece Brasilia de JK e Niemeyer. 
 Baleias não abrem mão da janelinha nos passeios, mesmo que isso implique em falta de companhia.
 
 Apreciando a residência oficial da Presidenta do Brasil.
Na Torre de Brasília. Quem nos conhece sabe que subimos sempre nas torres das cidades que visitamos e as têm.
 No retorno para nossa residência temporária na Capital Federal um time Baleias praticando esporte diverso da corrida. 

Recolhemo-nos cedo pois sairíamos duas horas antes da largada para fazer 13 kms e com isso completar os 55. 
Nossa saída seria às 05 hs. Antes disso eu já estava preparado, calçado com minhas meias de mulher e fazendo onda também com óculos de mulher.

A recuperação de minha panturrilha tinha sido muito boa. Correr BH revelou-se uma decisão acertada. Os 55 de Brasília, não. Eu deveria ter feito somente a maratona, contarei a seguir.

A prova de Brasília, que eu e Wu havíamos feito em 2009, agora seria corrida em percurso de uma volta só, o que também nos animou para vir tentar o treino aqui. Acho a Maratona de Brasília uma prova muito boa, a cidade para passeio perfeita, mas não há meio dessa prova crescer, não sei porque. Só pode ser o medo da secura do ar.

O não crescimento da prova a torna solitária por quase todos os trechos. Com essa mudança do percurso aproveita-se o Eixão que fica fechado nas manhãs de domingo para diversas atividades de lazer. Do km 18 ao 30 a prova é nesse meio, não dando para perceber o que é corredor e o que é corrida na manhã de lazer no Eixão. 
 
 Wu já estava pronto muito tempo antes.
 Neto dava os últimos ajustes. 
Às 05 para as 05 da manhã saímos de casa. Wu novamente adotando o estilo "o moita" nas fotografias. A foto, de disparo automático, dá uma ideia da confusão que fizemos na casa de minha estimada irmã.

Esse foi o último registro da máquina oficial Baleias na maratona de Brasília. Depois da prova foi tudo tão atrasado que não foi mais possível. Para exemplo, o avião de Marinês era às 15 horas e o taxi que a trouxe em casa ficou esperando para levá-la no aeroporto. Todos se atrasaram por causa de mim.

Saímos em direção à largada da prova e fizemos 13 kms antes. Minha perna comportou-se muito bem nesse pedaço anterior. Encontramos Paulo Gustavo da Acorja que faria 13 kms antes e 20 depois da prova. Encontramos também Maria José da Equipe Tavares de São Paulo, nossa amiga ultra, que também estará na Comrades.

Terminamos nossos 13 kms faltando 10 minutos para a largada. Fui o último a usar o banheiro e com isso me atrasei sendo dada a largada quando eu saia do mesmo. Burramente, numa tentativa abrupta de um pique para atravessar uma grade, a panturrilha deu uma fincada e tive que começar a prova mancando. 

Wu e Ismael Neto já tinham sumido e Marinês, gentilmente, me esperou chegar à linha de largada.

Começamos lentamente e prosseguimos juntos por 23 kms quando Marinês seguiu para realizar sua prova em seu ritmo. Eu ia bem, lento, mas bem. A perna não doia, a panturrilha estava dura e acho que corria mancando, compensando o problema, como me explicou depois o fisioterapeuta.

No km 15 da maratona encontramos com Ismael Neto parado por causa do joelho. Avisou-nos que iria parar. A decisão já estava tomada e a carona arranjada então nada havia a ser feito.

Wu e Marinês fizeram a prova muito bem, Wu terminando em 4.47 hs e Marinês em 5.12 hs. Eu, no km 32 da maratona, que era o km 45 de nosso treino, senti uma dor nova na mesma perna combalida, abaixo da panturrilha lesionada.

A cada momento a perna doía mais. Andei a primeira vez para ver se alterava alguma coisa e para minha surpresa não melhorava nada. A dúvida passou a ser o tema comigo mesmo.

Paro ou não paro? Desisto para não machucar muito e ainda poder recuperar para a Comrades dalí a menos de 30 dias?

Outros dilemas me incomodavam, como por exemplo, porque eu não fiz somente a maratona já que tudo deu certo em Belo Horizonte? Porque topar fazer mais do que os 42 kms naquele final de semana se já estava com problemas na perna?

Mas a resposta era fácil: fiz porque tinha que treinar para a Comrades e sem os longões eu não teria qualquer chance.

E a resposta para mim mesmo sobre o sofrimento nos 10 kms finais da maratona de Brasília veio também.

Parar o c......!!! Vou terminar Brasília e depois ver o quer resta para a Comrades. O risco alí seria de duas provas entaladas na garganta, a própria Comrades que é um risco desde a inscrição e Brasília, se desistisse por prudência.

Não sou habilitado mentalmente a desistir de uma prova e realmente não me arrasa ultrapassar as 5 horas que a minha estimada Contra-Relógio resolveu estabelecer como o limite das pessoas úteis ao mundo da corrida. Dessa vez eu havia olhado o regulamento e eram 6 hs à minha disposição. Fiz as contas, eu tinha tempo. Segui sentindo dor, mas a dor maior era o medo (que se mantém) de não conseguir a Comrades. Fui encontrando aqui e ali uns e outros capengas como eu. 

No km 41 percebo Ismael Neto vindo em minha direção. Em Belo Horizonte havia sido buscado por Marinês Melo, em Brasília, Ismael Neto me buscava. Embora a sensação de "o Mulambo da Turma" tenha se apossado de mim, emocionei-me com o amigo que ao invés de ir embora mais cedo ocupou-se de vir saber de mim que tanto demorava. Tive muita dificuldade de segurar um certo soluço de emoção contida. Numa abordagem multidisciplinar penso que aquelas meias de mulher têm me causado alguma confusão.

Cheguei em 5.45 hs e nem pensei em comer o belo almoço de massas colocado à disposição dos corredores. Aliás, prefiro a foto entregue na chegada nos anos anteriores do que a novidade do almoço. Queria ir embora para colocar gelo em minha panturrilha que estava muito inchada. Eu andava com dificuldade e com muita dor, puxando a perna meio de lado.

Ganhei um biscoito japonês do gentil amigo Carlos Hideaki e procuramos um taxi porque o horário apertava. 

Cheguei na casa de minha irmã, peguei uma bolsa de gelo e coloquei direto na panturrilha porque seu tamanho me desesperava. 

Todos prontos, deixamos um bilhete de agradecimento para minha irmã, deixei para ela o livro Capitu, Memórias Póstumas, que recebi de Ricardo Hoffmann dentro do Projeto Baleias colocando a literatura para correr e seguimos de volta para BH. Marinês já havia seguido mais cedo com o mesmo taxi que a trouxera, conforme disse alhures.

Chegando em Belo Horizonte, na segunda, fui atrás do fisioterapeuta que me acompanha desde 2007, por ocasião de uma fasciite plantar. Ele me recomendou outra fisoterapeuta para atuar diretamente no músculo da panturrilha, pois eu havia desenvolvido duas lesões, a antiga, da época pré-maratona de Belo Horizonte e a nova, no tendão logo abaixo da panturrilha, que ocorreu pela compensação no pisar. 

Portanto, desde então estou em tratamento com dois fisioterapeutas e tomando medicação antiinflamatória e, para tentar não perder o condicionamento, fazendo bicicleta ergométrica todos os dias numa academia ao lado da casa do meu pai.

O gelo que coloquei em Brasilia me queimou a pele. Na segunda à noite, logo que voltei de BSB, eu já fui à nova fisioterapeuta, que disse não poder manipular a panturrilha por causa do queimado. 

Disse a ela que a prioridade era a lesão panturrilha e sua solução e que não esquentasse a cabeça com a queimadura. Assim, a manipulação para tirar os nódulos do músculo resultou em três feridas exatamente no local onde a panturilha está ferrada. 

E como a gente deve ter cuidado ao reclamar porque as coisas podem piorar, as feridas infeccionaram se recusando a fechar. 
E agora estou tomando também antibiótico (7 dias, o último comprimido será no avião para a África do Sul) e passando uma pomada duas vezes ao dia com a recomendação de não molhar o local, evitando colocar o gelo. Eu falei com a médica dermatologista que minha panturrilha tem me assombrado tanto que assumiu uma personalidade. Não parece uma cara meio fantasmagórica e caolha?

De tudo isso uma lição: não há dúvida de que uma situação difícil pode piorar!

Na quinta-feira embarcamos para a Comrades com um propósito: fugir da van o máximo que puder. Como já disse nesse blog, de uma combinação com Wu, só entro na van obrigado. Tendo chance de conseguir completar nas 12 horas, agarrado estou nela.

Abraço a todos e desculpem pela foto da cara da minha panturrilha, é feia, mas tem estado tanto comigo nesses últimos tempos que tô até me afeiçoando.

Miguel Delgado.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

MARATONA DA LINHA VERDE, AINDA UMA BOA MEIA MARATONA!

Estimado Mundo Baleias.

Aconteceu o que nós de Belo Horizonte temíamos: que a experiência em realizar uma boa meia maratona não significasse, necessariamente, sucesso ao duplicar a empreitada com a realização da maratona.

Como disse no título o que fica da experiência da Maratona da Linha Verde é que a Meia Maratona continua sendo uma boa prova.

Uma sensação de descaso com a segunda parte da prova, uma falta de planificação eficiente nos intervalos de hidratação e uma perceptível vontade de ir embora dos responsáveis pelo apoio fulminaram a maratona.

Talvez o excesso de autopromoção do Japão, que sempre esteve muito maior do que a Maratona em todas as peças publicitárias, talvez candidato a vereador, tenha resultado numa alteração de preocupações (os modernos diriam "foco") no evento tirando os corredores do centro das atenções.

Espero que a análise a ser feita pela By Japão seja bastante criteriosa se pretender salvar o nome da Maratona da Linha Verde, maculado pelos 21 kms finais da prova. Espero que queiram salvar a má impressão deixada. Numa das peças publicitárias Japão dizia que a maratona teria semelhanças com a de Boston! Entendi, que Boston heim!

Mas no submundo Baleias, um ótimo submundo, diga-se, a festa foi incrível porque somos mais do que as horas de prova, somos o dia anterior, somos a festa de massas, somos a alegria do encontro na largada, somos a satisfação de ver os nossos e nossos amigos no decorrer da prova e trocar rápidas palavras de incentivo e/ou declarações de cansaço extremo.

Assim, do nosso Jeito Baleias de Ser, não foram registrados abalos dignos de nota, ao contrário tivemos incríveis vitórias pessoais revestidas de aparente derrota. Outrossim sobrou em nós Baleias de Belo Horizonte uma vontade de que a Maratona por aqui continue, acerte o passo e vire um orgulho de nossa cidade. Torcemos para o sucesso da empreitada e tudo o que falamos e falaremos aqui tem o único propósito de contribuir com a festa.

O blog Baleias não tem o costume de ficar repassando erros de provas em terras nas quais somos convidados, mas em Belo Horizonte não somos convidados, em Belo Horizonte, a Sede Mundial, somos anfitriões, independentemente do organizador da prova, e em nossa casa somos obrigados a contribuir para melhorar o espetáculo.

Mas vamos à festa Baleias que sempre começa antes da prova!

A festa Baleias iniciou-se no sábado com a chegada dos amigos e a entrega do kit.

Depois de passar a manhã na clínica de fisioterapia tentando definir se iria correr ou não a prova fui encontrar com os amigos (fui uma péssima companhia no sábado à tarde) vivendo o maior dilema já experimentado na minha vida de corredor. O que fazer? Qual orientação seguir? Correr, ou tentar correr Belo Horizonte, inviabilizaria a Comrades? Mas como ficar parado mais um final de semana depois dos 10 dias em que fiquei parado pelo exame na Holanda? Faltava apenas um mês para os 89 kms.
 
Silvio Barbosa, de Londrina, ligou dizendo que os voos foram cancelados e que não viria mais. Uma perda significativa para nossa festa. Encontrei Marinês, Wu, Tinil, José Maia, Neto e Dani e fomos para um restaurante. Gilmar Farias chegou também trazido por Ênio BH e João Batista. Carlos Henrique, Jessica e Mister M, que não aparece em fotos, nos deram a graça da companhia por alguns momentos.
Gilmar, em momento de extrema gentileza, rotina em sua conduta de vida, exibe a mochila que fez, segundo revelou, baseado na dica de Miguel Delgado na revista Contra-Relógio de abril.
Depois, Marinês Melo e Gilmar Farias vão conhecer um local que muitos imaginam não existir. O local de trabalho desse humilde missivista eletrônico.

À noite iríamos para o Jantar de Massas Baleias, antes buscamos Walter Barbosa na rodoviária, vindo de Confins, para entregá-lo aos cuidados de Wu, Tinil e José Maia. Fiquei temeroso por Walter!

Antes do jantar, Marinês Melo, atuando como aparelho de minha mãe (o sábado pré-maratona era o dia de seu aniversário, e mesmo não estando conosco não deixa de me proteger, na maioria das vezes, de mim mesmo), estabeleceu a forma de correr a prova: usar as meias esportivas de mulher que protegem a panturrilha. A energia da bruxa Marinês captava contatos imediatos de minha mãe e repetia frases que seriam dela. 

Mas onde conseguir a meia esportiva de mulher àquela hora?

Lembrei-me de Lana, liguei, contei meu drama e ela achou um exemplar da meia perfeita na gaveta de seu marido, Tadeu.

Conversei com Tadeu sobre a possibilidade do empréstimo e recebi dele uma das frases mais bonitas que já ouvi no Mundo Baleias: _"Miguel, se eu tenho a meia, você também tem! Foi lindo e minha ansiedade estava resolvida. Tadeu, eu te amo!

Eu Iria correr a maratona, iria tentar, tudo mais adequado ao meu jeito que não é o de deixar de tentar para ficar prudentemente olhando para a panturilha pedindo-a para sarar.

O final do sábado mudou e o jantar de massas foi para mim farra das melhores.
  
Lana comandando a turma da pesada. Walter, naquela mesa, decidiu trocar a meia pela maratona no final de semana de 08 de julho no Rio de Janeiro. É isso, garra e prudência sempre, uma bem longe da outra.
  
O momento sublime do jantar de massas. A entrega da camisa a Maria Vilanova de Imperatriz no Maranhão. Nossa primeira Baleias do Maranhão. Na verdade Maria é nascida em Tumtum, mas mora há anos e corre por Imperatriz. Se colocássemos o nome da cidade de nascimento na camisa Maria teria dificuldade de ficar a todo momento explicando o que seria o Tumtum atrás.

Seja muito bem vinda Maria Vilanova, o Mundo Baleias orgulha-se de tê-la conosco e espera te ver em Assunção em agosto.
  
Gilmar Farias nosso amigo do coração com a camisa em sua homenagem que usei no Japão. E eu participava do jantar e correria com a camisa Baleias que tem a bandeira da Acorja na frente. Nosso amigo merece muito, mas muito mais, mesmo. Completa a foto da coluna Elaine Pereira, guerreira que correu há 15 dias uma meia maratona em Juiz de Fora e não deixou de vir para a festa Baleias na Linha Verde.
Recebemos, para nossa alegria, Nilson de Uberlândia, amigo conquistado na farra das maratonas do Desafio de 2009 e Amorim, do Rio de Janeiro, também colecionador de quilômetros.
 
Os três corredores da maratona de Boston no último dia 16 de abril. Essa turma têm índice.
 Ismael Neto mostra seu novo calçado. Ismael é o de jeans na foto.
Olício, Baleias histórico, o primeiro conquistado nas pistas e não parente da diretoria, e Rosângela.
A alegria no jantar de massas. De braços abertos comigo, Isabela Araújo, nova Baleias trazida pelas mãos de José Álvaro. Uma simpatia de pessoa que muita alegria dará ao mundo Baleias.
Recebemos, para nossa honra, a visita no jantar de Luiz, um corredor de ideias firmes, talvez o corredor mais sistemático de Belo Horizonte e sua esposa Nilce. Passar no crivo de Luiz é bom sinal.  Valeu Luiz por sua presença.  
 
Com William Pereira e sua simpática esposa Eliana que vestirá nossa camisa no apoio Baleias. Eliana, o mundo Baleias é mais feliz com sua adesão.
Casal Teen. Neto e Dani.
No templo do Bolão, eu com meus dois gafanhotos, canditados a estrelarem um filme de Kung-fu nacional.
A foto final do jantar de massas. Normal.
Mas o cara veio correndo em nossa direção e não sabiamos o que aconteceria. Foi perfeito. Se fosse combinado não daria tão certo. Essa foto é para sempre!! E o Wu dando uma de " o moita"!
No dia seguinte, ainda de madrugada, receptores da gentileza de Dani que nos levou até o local das vans e registrou o primeiro momento do dia da prova. 
Que fila mais linda!! Seguimos para a largada na van da organização e aguardei Lana chegar com a meia de mulher que já havia mudado minhas ansiedades.
Na largada encontramos vários amigos que nos deram a honra de arriscar em nossa primeira maratona depois de alguns anos. Eduardo de Ribeirão Preto, que anda um pouco triste e o nosso amigo de Assunção que fica sempre um ano sem qualquer manifestação.
Fábio Namiuti, Sem Juízo aqui, de São José dos Campos e Rampazzo, nosso homem do fogo de Campinas. Na foto a Equipe Baleias já com Marcelinho Cálix e Gustavo Kascher.

Na largada ficamos sabendo que Valdomiro e Vivi, o primeiro casal Baleias, deixaram a Equipe Baleias. Ficamos pesarosos, mas entendemos e desejamos sorte ao casal em sua nova empreitada.

É sempre triste saber que alguém deixou a Equipe Baleias, mas, infelizmente ocorre. Aline, nossa primeira mulher maratonista, foi a primeira a abandonar o barco Baleias. A gente ainda sente saudades do mau humor dela. Tivemos também algumas passagens meteóricas pelo bando Baleias. Converso sempre sobre isso com o Wu e obtenho sempre a mesma resposta...   
Borges, o homem do bonde, amigo dos tempos do Desafio das 6 Maratonas de 2009, que espalha suas fotos e seu carisma por onde passa.
Lana chegou com as meias de mulher. Calcei e cheguei a conclusão de que depois de correr com aquelas meias de muller outras coisas mais radicais talvez passassem a não pertencer mais ao lado imponderável da vida. Se eu aderir ao short do Cláudio Dundes, aí já era!
A última foto antes da largada, já vestido de mulerr!

Wu, Carlos Henrique e Ismael Neto ficaram encarregados de escoltar Marinês Melo na prova já que eu estaria num ritmo absolutamente diverso. Eu faria a prova somente para completar, frase essa que arrepia o corpo jornalístico da minha estimada Contra-Relógio.

Talvez seja isso que a Contra-Relógio não entenda. Existem momentos que apenas completar uma prova, num tempo sofrível que seja, em tese, tem o significado pessoal de recorde, de superação. Deveria eu, às vésperas da Comrades, abrir mão de correr a maratona porque não poderia fazê-la abaixo de 5 horas? Não correr porque a performance seria triste? Porque meu tempo não seria nem perto de razoável? Porque correria o risco de perder para o Tinil? Mas eu sou amador, corro porque gosto. Porque tenho que correr sempre querendo melhorar meu tempo? Porque em alguns momentos não posso querer apenas o melhor de mim, mesmo que pelas circunstâncias o melhor de mim esteja além das 5 horas?
   
Eu estava feliz com a decisão. Não sou de desistir por antecipação e nem por pouca dor. Coloquei 120 reais no short para um dramático taxi no caso de dar tudo errado no primeiro km e segui preparado psicologicamente para ser o último da maratona, vislumbrando o objetivo Comrades, que não poderia me deixar inerte naquele domingo, mas que também pode dar errado, mas só no dia 03 de junho para saber. Desde já, não.

Partimos e para minha surpresa recebi a companhia de Tiago Maciel até o km 24 quando ele seguiu. Valeu demais, essa companhia foi sensacional.
 Lá na corrida de 6 kms Maria Vilanova brilhava envergando o Manto Coral pela primeira vez. Tem estilo essa moça. Vai arrebentar em Assunção.

Como esse relato em termos da prova em si está completamente ultrapassado não repassarei aqui os erros já comentados em prosa e verso nos diversos foruns da internet, postos de água dispostos sem lógica e regularidade no percurso, alguns retirados antes da hora, transito liberado antes do tempo limite, retirada de posto de gatorade por conta de ameaça de chuva. Uma tristeza.

A Meia Maratona seguiu sem problemas, embora os postos de água não guardassem uma lógica de distância, mas uma boa meia maratona.
Os amigos da meia maratona Elaine e William já tranquilos depois da chegada enquanto a turma que se aventurou nos 42 sofreu bastante.

A partir da saída do túnel a água demorou demais e nunca mais foi perfeita. Como minha visão é a dos últimos, sei que foi duro para quem se manteve na pista por mais de 4 horas.
 Toledo brilhava nas pistas e nas mídias. Todo estiloso, mas esse shortinho por baixo também é de mulerr!!
Marinês brilhava e seguia na companhia de Wu. Carlos Henrique e Neto não cumpriram sua missão e ultrapassaram a moça para serem superados depois.
 Novamente Toledo em dois momentos. Na chegada.
E já na descontração de quem fez mais uma maratona.
Carlos Henrique correu os 10 kms finais com o apoio de sua filha Jéssica, um doce de Baleias.
 O apoio garantiu a conclusão, revelaria mais tarde o feliz pai.
As palavras de Carlos Henrique: "Com a sensibilidade que é marca registrada daqueles que se unem aos Baleias, obvio que durante aquele abraço, que aconteceu no km 29, quando eu já sentia dor por sete kms, as lagrimas foram inevitáveis e somente continuei por dois motivos, por ser Baleias e pelo carinho e incentivo da nossa baleinha Jéssica."
Lana mostrando mais uma vez a garra, valentia dessa cidadã jacintense. O norte de Minas esculpiu uma mulher com fibra e determinação.
Eu, que corri no ritmo que havia traçado, cuidando da perna, estava feliz como poucas vezes. Senti-me forte como um touro, mas espero que a Comrades não seja o toureiro. E recebi a gentileza impar de Marinês Melo que foi me buscar no km 40.

Eu achava que o tempo limite da maratona seria de 6 horas, como é usual. Não havia lido o regulamento e alguns amigos corroboraram essa ideia de que 6 seria o mínimo. Mas não era e posso me considerar desclassificado, embora conste da listagem oficial, uma vez que ultrapassei o limite de tempo estabelecido no regulamento, que era 5 horas e 30 minutos.

Mas nas circunstâncias foi uma vitória estupenda, eu estava orgulhoso e feliz comigo mesmo e com meus amigos e amigas que foram uníssonos no apoio ao maratonista moribundo daquele final de semana.

Eu tinha muito orgulho de nunca ter ultrapassado em toda minha carreira o tempo limite da prova, mas sei que o orgulho existe para ser subjulgado pela realidade, ou como diria minha finada tia Dedete, há momentos em que a única opção é "enfiar a viola no saco".
Marinês Melo superou Carlos Henrique, Ismael Neto e também Wu, seu parceiro por quase todo o percurso.
Após a corrida Tinil, Walter, José Maia, Wu, Zilda e Natália, estacionaram perto da chegada e seguiram por ali até o fim da noite. Para Wu, a partir daquele momento, a satisfação de completar uma prova tão dura seria coroada com a vitória do seu América sobre o Cruzeiro. Ao final do jogo Wu entraria para a história daquela esquina, daquele bar.

Noutro lado da cidade eu terminaria o dia levando Gilmar Farias e Marinês Melo ao aeroporto para o retorno.

Uma pena os equivocos da prova, mas foi uma alegria muito grande receber os amigos e correr uma maratona em Belo Horizonte. Foi uma prova especial para muitos, não pela prova, mas pelas histórias pessoais daquele dia.

Como diria Walter Barbosa, faltou carinho ao organizar a prova. Essa é a síntese da Maratona da Linha Verde, faltou carinho e para fazer uma prova sem carinho, tem que ter a estrutura da Yescom.

Abraço a todos os amigos e amigas do Bando Baleias de BH e do Brasil, todos os corredores e corredoras Baleias que correram as provas da Linha Verde, todos os corredores e corredoras Baleias que estiveram conosco no jantar de massas, mesmo sem estar inscrito na prova e agradeço demais aos amigos Baleias que vieram a Belo Horizonte. O coração Baleias jamais esquece.

No final de semana seguinte, eu, Wu, Neto e Marinês, na companhia de Zilda, fomos fazer a maratona de Brasilia e mais um pouquinho para completar 55 kms. Mas aí é outra história.

Valeu mundo Baleias. A Comrades atrasa tudo, mas tá valendo.

Miguel Delgado.