MAIS PÁGINAS BALEIAS!

quarta-feira, 27 de junho de 2012

DECLARAÇÃO DE AMOR BALEIAS À COMRADES. NÓS VOLTAREMOS PARA O BACK TO BACK!

Querido Universo Baleias!

Eu já escrevi esse relato diversas vezes na minha cabeça, talvez por isso a versão final tenha necessitado de fórceps, ou quem sabe, mesmo, de um chá de buchinha.

Idealizei o relato, montei as frases, gostei e desprezei expressões durante meses de treinamento. Durante a prova, nos 89 kms, escrevi no pensamento tudo de novo. Com tudo terminado o texto havia sumido da mente, toda a expectativa havia sido completamente substituída pela realidade da conquista e com isso não sabia mais o que escrever. 

Iniciei os treinos pensando especificamente na Comrades no dia 05 de janeiro de 2012. No dia 09 iniciei o primeiro período sem cerveja, a quaresma adiantada, porque no momento correto eu viajaria para o Japão e para a Espanha.

A Comrades toma conta da cabeça da gente desde um pouco antes da inscrição, no momento em que se toma a decisão de que chegou a hora. Para alguns corredores a Comrades está no cantinho do pensamento e de lá fica mandando os sinais. É uma questão de definir o momento.

Fiz a Rocinha e depois a Volta ao Cristo em Poços de Caldas já pensando nas subidas da Comrades. A Maratona de Tóquio seria a primeira maratona do treinamento para mim e Wu já que Marinês havia corrido a prova do Atacama.

Corremos juntos Tóquio, Belo Horizonte e Brasília, provas que usamos de base para nosso treinamento. Eu corri a maratona de Barcelona em 25 de março. Foi um bom treinamento porque na solidão em que fiz a prova pude pensar na Comrades todo o tempo.

Marinês Melo buscou planilhas com o Mestre Branca de SP, eu, Wu e Ismael Neto, imprimimos a planilha que tem no site da Comrades para um sub 11 horas e fomos fazendo do jeito que foi possível.

No meio do meu treinamento surgiu a necessidade de realizar uma biopsia da próstata. Não gostei. Não combina comigo essas coisas mais sérias e vinha adiantada de alguns anos. Esse exame me tiraria dos treinos por pelo menos 10 dias e o fiz faltando 11 para a maratona de Belo Horizonte. Para tentar compensar os dias que ficaria parado forcei nos treinos e a panturilha berrou, mas a próstata se anunciou negativa para Waldemort, ou seja, 50% do copo, absolutamente cheio.

Corri Belo Horizonte estreiando as meias de mulher e completei a prova em último lugar da Equipe Baleias mas numa satisfação imensa pela força e decisão com que cumpri esse desafio estabelecido. Eu precisava treinar mesmo com a panturilha machucada.

Animados fomos para Brasília para os 55 kms de treino. Ismael Neto parou no meio da prova e eu acabei de ferrar com a panturrilha. 

Faltava menos de um mês para a Comrades e eu arrastava a perna para me locomover. 

Claro que o caminho mais fácil e mais prudente seria adiar o sonho da Comrades. Ouvi da minha querida e apoiadora família essa orientação inúmeras vezes. Eles me amam mas não são corredores. Eu também os amo e os entendo porque sei que não têm a dimensão do que significa desistir de uma corrida que você, realmente, não precisa fazer se não quiser. 

Depois de Brasília minha preparação para a Comrades ficou muito pesada no que diz respeito ao receio de não conseguir e à ansiedade sobre se daria certo o tratamento, e suas variações, que implantava a partir dali. O meu projeto sub 11 estava abandonado, eu queria conseguir correr e conseguir terminar a Comrades.
Esse passou a ser o meu canto diário de treinamento. Desde a terça-feira após a maratona de Brasília, todos os dias, com exceção de domingo, eu fazia 45 minutos de bicicleta ergométrica e 15 minutos de um aparelho chamado Elíptico, exercícios que não forçavam a panturilha machucada. No sábado eu fazia duas horas de exercícios.

Durante esse período eu também ia diariamente fazer sessão de fisioterapia na panturilha machucada.

Paralelamente Marinês e Wu iam muito bem nos treinos. Wu treinava 60 quilômetros sozinho e me ligava todos os dias perguntando antes mesmo do "alô": sarou? E eu ia explicando minhas teorias e planejamentos sobre o restante do período de treinamento especial e as expectativas para a prova.
Fiz minha uma hora de bicicleta ergométrica até na manhã do embarque para a Africa do Sul quando fui para a academia com a camisa da Comrades. Não a que iria correr, mas um protótipo. Estava animado, tinha receio, mas não deixava de acreditar. Um verso de Roberto Carlos, a quem me rendi meses atrás, depois de anos de resistência, me resume: "...em paz com a vida e o que ela me traz, na fé que me faz otimista demais..." Só acho que vai dar certo, sempre.

No dia da viagem, levei Marcelinho, meu caçula para a aula e recebi dele a incumbência de não decepcioná-lo com uma desistência na prova. Como as crianças conseguem ser duras em determinados momentos!  Tomei banho, pus o uniforme Baleias e fui de taxi pegar o Wu para seguirmos para o aeroporto.
Em Confins uma banda da aeronautica tocava no saguão. Não tivemos qualquer dúvida que era para nós. Uma homenagem a nossa despedida para o maior desafio de nossa carreira de corredores.
Em Guarulhos uma visita a um velho amigo da Equipe Baleias para receber um pouco de energia. Se não corresse o risco de assar Wu disse que esse poderia ser um modelo de calção Baleias, desde que preto.
Renato, o motoqueiro da Yellow Sports. Mais um sinal de que os ventos estavam mudando. A meia de mulher que comprei para correr a Comrades, um número maior do que a que Tadeu gentilmente me presenteou, foi recusada na portaria do meu prédio por que a embalagem estava danificada. No dia anotei como um sinal de que as coisas podem piorar.  Essa empresa, que eu nem conhecia, nem havia comprado nada, me ligou dizendo que iria mandar de novo a encomenda. Falei sorrindo que não havia pressa pois não daria tempo porque no dia seguinte eu embarcaria para a África do Sul. Marcelo, o sensacional cara ao telefone, disse: "você vai para a Comrades?" Eu confirmei e disse que passaria a tarde em Guarulhos aguardando o embarque. Ele foi firme: "mande os dados do seu voo, vou fazer essa meia chegar às suas mãos". Foi emocionante e completei para ele: "você tem o nome do meu filho caçula, isso é muito bom sinal."

No dia seguinte ainda falei com Ana, outra simpática atendente da Yellow Sports e por fim conheci Renato que foi alegremente me entregar as meias com as quais eu completei a Comrades. A maré positiva continuava dando seus sinais.

Encontramos com Marinês Melo, Edilson Queiroz, Maria José, Marina e Paulo Gustavo, mas a foto com todos não ficou boa.
Meninas de ouro. Podem chamar para passear, viajar e correr. Essas têm a garantia Baleias de uma divertida jornada.
Marinês Melo posou com o livro do Projeto Baleias colocando a literatura para correr: Nelson Mandela - Conversas que tive comigo mesmo.Projeto contextualizado.
A foto do livro na cadeira e parte da silueta da leitora que o levou. A moça me perguntou se o livro iria ficar ali e expliquei a ela que sim. Ela perguntou se poderia levá-lo e eu acenei positivamente pedindo que ela o colocasse novamente num aeroporto depois de ler. Assim, o livro embarcou no nosso avião rumo à África do Sul. Pronto, diria Dart. Mais perfeito, impossível.
Conhecendo os amigos de Brasilia Márcio, de amarelo, e Nelson que também iam para o desafio. Márcio arrebentou num sub 9.
Nossas amigas Marina e Maria José, companhias das melhores do mundo. Queremos andar com elas de novo.
Maristela também de Brasília, outra guerreira, simpática pra caramba, que fez bonito na Comrades.
Tripulação simpatissima, avião com televisãozinha e vários filmes em português.Ano que vem tem mais.
Necessaire Baleias com meia, máscara e escovas de dente. Tudo Baleias. Olha a onda, olha a onda....!
No aeroporto de Johannesburgo a cia. aérea Baleias que o Ênio já tinha conhecido na Two Oceans. E não é que Paulo Gustavo voou nessa cia. Pode deixar, no ano que vem, no back to back arrumarei um jeito de voar nesse avião.

Aguardando o avião para Durban e uma pausa num café todo em Português. Bom demais. Sinais e mais sinais de que o ovo tinha virado. 
Já buscando o kit com o ônibus fretado para a Equipe Baleias.
Estávamos lá. Na feira da Comrades. Pinto no lixo, essa era a sensação.
Bem recebidos, acarinhados, prestigiados, celebrados. Tudo do jeito que a gente gosta. Pessoal da organização muito feliz da gente estar lá e nós também.
Jantarzinho de massas na sexta-feira. Na sexta e sábado a feira foi nosso footing.
Wu reconhecendo nossos amigos do Paraguai.
Momento de oração e invocação.
Como Belchior, conheço o meu lugar, conheço o meu lugar. O marcador de ritmo sub 12, o motorista do ônibus. Era alí que eu iria estacionar. O cara de branco é famoso na Comrades e estava em várias partes do percurso, mas me escapou quem seria.
Marinês tentando tomar um gatorade que lá chama energade. Nessa feira não é fácil tomar um isotônico, tem que participar de um joguinho. Wu, claro, acertou todas as vezes e bebeu quantos quis.
O percurso é longo demais, mas já sabíamos.
Só alegria e disposição.
Fazia muito bem o contato constante com a informação da distância. Ficava tudo mais ameno e amistoso.
O encontro com uma mesa de brasileiros de Belo Horizonte e São Paulo. A maioria orientados pelo mestre Branca com quem não encontramos nesses nossos dias de África do Sul.
Com Edson Sanches, brasilerio radicado em Nova York, que conheci em Assunção na histórica Maratona do Bicentenário e Admas a primeira norte-americana Green Number, mas que nasceu na terra de Hailée.
Em frente ao hotel. O único lugar em que passeamos fora a feira da Comrades. Concentração e descanso totais.

Se o ano é de descida e você ficar hospedado em Durban, pode desistir de dormir. Nos ficamos em Durban, no hotel Albany, que já hospedou grandes campeões como Paulo Picanha, nosso precursor, Júlio Cordeiro, Lula Holanda, Jaqueline Rego, Juliana Job, Paulo Sobral, Almir Duarte, dentre outros valorosos amigos da Acorja.

O hotel serve um café à 01:30 da manhã e os ônibus saem dali de perto entre 02:00 e 02.30 hs. para um percurso de 2 horas e pouco. Tente dormir às 18 ou 19 hs. na véspera da Comrades (tem ainda 5 horas de diferença de fuso). Você fica deitado, descansando, mas dormir...é para poucos.
Prontos para ir em busca dos ônibus. A foto final para a lente de Marina.
Resolvemos não levar nada para ser colocado em guarda-volumes. Tudo seria abandonado. Uma sacolinha de kit velha, blusa Baleias de moleton (o primeiro moleton Baleias iria honrosamente ser deixado na África do Sul), uma colcha para o frio que não foi lá essas coisas, protetor solar, vaselina, gatorade, as meias de mulher da Yellow Sports que eu vestiria em Pietermaritzburg. 

Deixamos tudo para passar lá, uma forma de matar o tempo e também de não exigir dos produtos que durassem uma eternidade. E vaselina pode passar pouco porque tem no percurso, o tempo todo. Não é necessário enfrentar também os primeiros banheiros, sempre com fila maior, pois perto das baias de largada, dos guarda-volumes, tem muito banheiro. 

Imaginem um gordo dentro de um banheiro quimico completamente escuro. Um breu, mas um breu incrível e me saí muito bem com uns paninhos cedidos por Maria José e Marinês e uma garrafa d´água. Perfeito. Corri leve, leve, leve. Venham Dani e Felipe Souto viver essa emoção.

Wu foi para a baia G. Eu, Marinês e Maria José ficamos na H. Encontrei com uma corredora de Belo Horizonte com quem havia encontrado na feira. Localizei o satélite e preparei o Garmin 310XT que minha irmã comprou para mim por causa da duração da bateria. Mas no outro pulso, meu plano b,  meu bom relógio de treino e viagens adquirido em Ciudad del Este que nunca me deixou na mão. Já o Garmin..... 

15 minutos antes da largada as separações de baias são abandonadas e todos se agrupam. Os momentos que antecedem a largada são de muita emoção. Como todo mundo tá careca de saber pelos diversos relatos (mas agora é a minha vez), primeiro vem o hino Sul-Africano, Nkosi sikelel' iAfrika, depois, Shosholoza, a canção que minha amiga de Huston, Texas, Yen, me orientou a aprender e assim o fiz. 

Depois a música do filme Carruagens de Fogo. Nessa música entreguei meu casaco Baleias para uma senhora da organização do outro lado da grade. Um homem da organização viu meu número azul (estrangeiro) e perguntou de onde eu era e me agradeceu por estar ali desejando que eu apreciasse a prova. Nem precisava moço.

Canta o galo e logo em seguida a gente começa a movimentar. O deslocamento inicial é tímido pelo volume de corredores, mas logo, logo, vem o trote e em cerca de 7 minutos passo no pórtico. Tava na previsão.

Ainda noite e muita gente prestigiando a prova, muita mesmo. Uma série de pessoas de roupões e pijamas na porta de suas casas. A África do Sul é Baleias. Como tem Baleia lá.

Vamos seguindo como combinado, ou seja, cada um iria fazer a sua corrida. Como não sabíamos nada da Comrades, era uma experiência para lá de nova, não dava para pensar em correr juntos pois ninguém tinha certeza de ter gás para todo o percurso e eu, um mulambo consciente, não iria correr o risco de atrapalhar a corrida de ninguém.

Como estava frio e o medo e a ansiedade eram mato, a hidratação estava exagerada. Fiz muito xixi no início da prova e resolvi controlar o excesso de ingestão de água para parar de fazer. Deu certo.

Não há necessidade de preocupar com tanta água antes da prova. Tem tudo muito e em intervalos muito menores do que você tem qualquer possibilidade de sentir falta. 

É festa das grandes a cada quilômetro. Dá para escolher o que vai comer. Eu fui de batatas cozidas e um chocolate (parecido com um daqui chamado Lolo). Nem achava hora de tomar os 8 géis que levei comigo. Ano que vem vou levar só 4, que foi o que consegui tomar. Sou de corpo e alma gordos, prefiro comida mesmo.
Eu seguia bem. Ainda tinha o sonho do sub 11 horas, mas também nutria o medo da panturrilha gritar. Eu não sabia se tinha sarado porque não tinha tido coragem para testar de verdade. Com o tratamento, presumia que ela aguentaria mais do que os 45 kms de Brasília, quando estourou, mas não sabia se me daria os 89 da Comrades.

Lá pelo km 16 todas as questões se resolveram sem chances de titubeio. O 1º marcador de ritmo (o tal ônibus) do sub 12 (eram dois) me alcançou. Então não tinha mais o que pensar sobre panturilha ou sub 11. Eu tinha que colar naquele grupo senão tudo ia "pro saco". Segundos de pavor e firmei no grupo. Logo em seguida descobri que o ritmo deles estava ótimo para mim. O cara apitava e todo mundo andava, apitava novamente e todo mundo passava a correr. Gostei.

Eu tinha tido dúvida na corrida sobre onde caminhar, sobre quanto tempo caminhar, se era preciptado ou não e etc. . Naquele momento encontrei alguém para decidir para mim, alguém com experiência e com autoridade para me levar até o final. Pronto. A estratégia estava restabelecida. Vou com essa turma.

E assim fui, subindo e descendo com eles, sem dramas. Nos momentos de caminhada eu ficava um pouco para trás, mas ia atrasando o início das caminhadas e com isso encostava neles de novo. Como os corredores têm números atrás, quando eu me afastava mais procurava com os olhos os "Green Numbers" e sabia que aquele sujeito tinha experiência e que não ia estourar o prazo, então ficava tranquilo, mas sempre tentando alcançar os "amigos" de meu ônibus. Com número atrás você tem uma série de "parceiros" durante todo o percurso  que servem de paradigma de sua prova e seu desempenho.

Por umas três vezes o segundo  marcador de ritmo sub 12 (ônibus) me alcançou e eu consegui reverter, mas numa quarta oportunidade tive que refazer a estratégia e aceitar que naquele grupo estariam meus novos amigos.

Corri, então, com esse grupo direto, às vezes ficando para trás, mas sem perder a bandeirinha de vista. Quando ela ficava distante procurava os números verdes. Quando eu colocava em prática a orientação do Paulo Sobral de brincar com a platéia e ficava batendo na mão de todos, eu fica para trás e apavorava. Concentrava de novo na corrida pensando: desculpe criançada, desculpem meus amigos da África do Sul, desculpe Paulo Sobral, mas não vai dar para ficar brincando não, ano que vem o Tinil vem aí bater na mão de todo mundo.

Nas vezes que fiquei para trás foi bonito de ver na rodovia os dois blocos enormes de corredores Fui assim até faltar uns 15 quilômetros e aí encostei de vez porque acho que eles estavam com folga no tempo e diminuiram o ritmo.

Outra sensação muito boa é passar nas placas de corte com folga. Mas eu tinha que fazer contas pois a placa dizia: "Falta um quilômetro para o cut off na hora tal". Mas era a hora do dia e eu não tinha nenhum dos relógios marcando esse tempo. Calculava e sabia que tava com folga. Eu dei até tchau para a última placa de corte, que é no km 83, essa cena tá no meu video individual da prova.

A partir daí o grupo sub 12 estava com folga de tempo e só engrossando, dificultando um pouco a corrida. 

Pedi desculpas aos dois grupos sub 12 e comecei a correr mais. 
Senti-me um pouco deselegante pois havia grudado neles, utilizado o ritmo e estratégia por horas a fio para vencer minhas inseguranças e agora os abandonava aos invés de ser fiel e chegar junto no estádio para dividir com todos a solidariedade e a alegria que o vencedor da prova, clicado por Marina, também sentiu.
Mas achei que poderia melhorar alguma coisa e talvez tivesse algum brasileiro pela frente para eu melhorar um pouco o meu provável último lugar na Contra-Relógio. Acho que não é pecado não, né?
Wu que tinha feito a prova sem precisar de carona de ônibus, aliás ele nem notou que tinha isso, já havia chegado e arrebentado a boca do balão. Gilmar já tinha previsto, ele foi o primeiro da nossa excursão particular à África.
Marinês também já tinha entrado no estádio brilhando, como sempre acontece, em mais um clique de sucesso de Marina.
E para ser sub 11, num sucesso total de enriquecer corredores.
 
E eu corri os últimos 6 kms cheio de energia porque já sabia que tudo tinha dado certo, que eu poderia voltar para o Brasil, que eu ia conseguir, que eu era forte, determinado, FPC e não iria decepcionar Marcelinho, meu filho.
Terminei cumprindo minhas promessas. Agradeci na linha de chegada ao Marcelinho, meu caçula, que me deu o últimato para completar a prova e ao meu amigo Gilberto Lobato que fez o desenho da camisa com a qual corremos a prova e que acompanhou minha jornada do céu me achando FPC, como sempre achava.

Cruzei o pórtico, como havia prometido, gritando o nome do principal condutor dessa minha proeza de completar a Comrades depois que eu me machuquei em 18 de abril: o Haroldo, o fisioterapeuta de Belo Horizonte, que cuida da pisada e da postura de um grande número de Baleias e que logo que eu pedi ajuda a primeira vez, em abril, em momento algum desanimou da ideia dos 89 kms, mesmo achando sem qualquer sentido correr essa distância. 

Ele não concorda nem com maratona, mas foi ele que me mandou para a bicicleta e o elíptico, mandou parar de pensar em correr, me mandou suar pelo mesmo tempo prescrito nos treinos e me atendeu um sem número de vezes quando minha ansiedade somente pedia para ele reafirmar que ia dar certo. Disse a ele que gritaria o seu nome se conseguisse completar a prova e assim o fiz.

No ramo da fisioterapia devo muito a Mel Cotta que atacou a panturilha desembolando-a, cuidando de reabilitá-la e que também disse que no dia 03 de junho, na corrida, a perna não iria me deixar na mão.
A lista de agradecimento é do tamanho da Comrades porque recebi a ajuda de muita gente.

O Jorge Maratonista que me deu o filme sobre a Comrades lançando, definitivamente, a ideia.

Minha irmã Tatau que nos abrigou na Maratona de Brasília e que comprou para mim o Garmin 310XT nos EUA e meu irmão Luiz que me traz dois Mizunos Creation por ano, o que me permitiu correr com um 12, zerado, que não me causou nada, nem uma unhinha preta, ou vermelhidão, nada. 

Eles, junto com Kênia, a designer Baleias que sofreu com minhas cobranças para que a camisa, em tecido Santa Constância e cheia de cores, ficasse pronta do jeito que havia sido desenhada e ainda fez um short especial para a Comrades, com as especificações que pedi, proporcionaram a perfeição no equipamento. Faltava a massa corpórea, eu, corresponder. 

Minhas irmãs Didice e Merrina, que junto com a Tatau, lutaram para eu desistir, mas se mantiveram do meu lado mesmo com receio de receber uma notícia ruim na manhã de domingo.

Como esquecer da Tuita, Penha e toda a equipe lá de casa que cuida do pai e de quebra de mim também que passou a incluir frase nova e impensável em seu vocabulário: "ele está na academia"!!

A minha querida e simpática equipe médica acionada emergencialmente a 10 dias da prova, Mônica, nefrologia, Larissa, pediatria e Cristina, dermatologia, que formaram um pool para curar as três feridas na perna até o dia 03 de junho e Pedrito, meu irmão, psiquiatria, que se assustou com as feridas e num gesto de carinho e preocupação ainda tentou, no final de semana anterior, demover-me da ideia de correr. Eu sou um sujeito multidisciplinar, eu já disse.

Na fase médica, no epsódio da biópsia, que se misturou sem autorização com a Comrades, Joel Leitão foi muito amigo, preocupado e atencioso, seguindo a linha das minhas irmãs que cobravam o exame.

Tenho que agradecer à Academia Fly Training (esse nome é f...), vizinha à casa do meu pai, que me alugou o canto que me permitiu manter o condicionamento físico no último mês, quando proibido de correr, e que respeitou minhas negativas de aderir às orientações dos treinadores. Não dava tempo de aprendar nada, eu só precisava suar. 
Cristian, o proprietário, tirou as fotos do treino no dia da viagem para a África e em grande gentileza insistiu em novas fotos quando fui lá agradecer e mostrar a medalha. Dia 31 de maio foi meu último dia, já parei.    

Preciso agradecer muito ao Gilmar Farias e à Elis que conversaram muito comigo no período de treinamento pós machucado e aguentaram eu falar o mesmo tema e repetir as mesmas coisas, as mesmas dúvidas e ansiedades, dia após dia.

Ao Tadeu que me deu a primeira e a Yellow Sports, do Marcelo, da Ana e do Renato, pelas meias de mulher que desde a maratona de Belo Horizonte passaram a fazer parte da minha vida e me proporcionaram treinar e correr a Comrades. 

O Rogério Godinho, que não me abandona em vários setores da vida, mesmo passando raiva e que não me deixou esquecer que a quantidade de burrice autorizada para 2012 já estava esgotada.

E o que dizer de E-Zilda que tatuou a nossa Baleia no dia do embarque para a África, marcando, definitivamente, a virada para o vento a favor.

Os amigos do peito que não deixaram de acreditar em mim nem por um segundo e que essa crença, muito maior do que a minha, me ajudou demais. 

Dentre todos sou obrigado a destacar, o Silvio de Londrina, sempre dizendo que ia dar certo, o Lourenço Lana do Rio, sempre gentil e generoso comigo, o Edgar Guevara de Bogotá, que me deu grandes dicas para enfrentar uma ultramaratona, a Yen, comradeira e nossa amiga das maratonas pelo mundo, que me mandou aprender Shosoloza e me disse que os Baleias são fortes e que terminariam a prova sem problemas, Ivo Cantor, amigo que emociona, sempre presente no apoio, Ricardo Hoffman, que sempre acredita no Gordo, Carlos Henrique e Walter que sinto acreditarem muito em mim, mas guardando uma pitadinha de prudência e um certo receio sobre se saberei a hora em que é necessário parar e desistir. Felipe Souto que ao telefone acompanhou as diversas fases de preparação.

Bruno de Estelinha, amigo Tim desde a Volta da Pampulha, que temos muita dificuldade de desligar sem montar planos para no mínimo 20 anos. 

O Wu e a Marinês pela troca diária de considerações sobre os treinos e os medos. Ismael Neto pela companhia até a necessária desistência do projeto aos 45 do segundo tempo.

Paulo Gustavo e Maria José pela companhia nos planos da viagem, na prova e no turismo. 

Não posso deixar de agradecer muito à Marina, amiga da Maria José, que nos acompanhou em toda a viagem, pelo aumento da minha garra e determinação às vésperas da prova.
Quando ela me viu no aeroporto disse para Maria José: "se esse cara completar a Comrades eu corro uma maratona". Aproveita gente porque tripudiar de gordo vai virar tipo penal no novo código. Afirmei a ela que se dependesse da minha disposição ela poderia começar a pensar em qual prova iria estreiar. Ali ela começou a tremer e eu a querer mais ainda completar. Marina, eu te amo.

Meus amigos e amigas, Tinil, Ricardo Ramos, Ênio Akio, Elis Carvalho, Meire Assis e Marcos Basílio, que iniciaram o nosso Projeto Comrades e que cada um por sua história teve que adiar o sonho de ir lá correr. No ano que vem tem mais turma!

O Paulo Picanha (que completou a Comrades em 2009, machucado), da Acorja que ensinou o caminho, Betinha e Paulo Sobral que me falaram que dava para fazer e dava para completar.

Almir Duarte e Pâmela que em gentileza inesquecível me ligaram quando da volta de Almir da maratona de Lima para desejar sorte e dizer que tivesse o tempo e a geografia do nosso pais permitido teriam realizado os treinos longos comigo e com Wu. As palavras funcionam comigo, carinho aqui é  fármaco dos mais poderosos. Almir disse que eu faria a prova. Anotei mais uma fala de quem sabe o que está dizendo.
Encerrada a prova, cumprido o Desafio foi legal demais saber que um monte de gente nos acompanhou na internet e que um monte de gente estava atrás de notícia para saber se tinhamos conseguido.

Recebi um monte de mensagens no telefone, emails, cumprimentos nos comentários no blog. 

Meu filho Pedro que me mandou a msg mais emocionante recebida ainda quando nem banho havia tomado.

Foi incrível receber as msgs de parabéns de Haroldo e Mel Cotta, os fisioterapeutas vencedores como eu, de Denise Amaral, Dart de Salvador que estava preocupada, Tinil que correu Porto Alegre no mesmo dia, Cristina Duque, a dermatologista corredora. De Carlos Magno e Ricardo Hoffmann, vibrando como sempre com nossas conquistas. Elis, que ia adorar fazer a prova.

De Recife as msgs Baleias de Murilo Nunes e Mariana Cordeiro, amigos que sei, terei, para todo o resto da vida.  

Os emails do pessoal da Acorja, Jaqueline, Paulo Sobral, Gilmar, Alemão, bom demais receber. Recebi também um email da Isolda de Recife em gentileza impar que alegra os corações Baleias.

Toledo que foi um dos primeiros a anunciar nossa conclusão e nossos tempos.

Alessandro, Namiuti, Xampa, Dalton, de Cuiabá,  Dani, Drica, Ênio Akio, que foi só poesia no blog, Tutta, Sérgio, Antônio Horta, gentil e carinho sempre com o mundo Baleias, Katryny que já deve ir lá no ano que vem, BMW, Dona D., as meninas de Cascavel, Larissa, Andreia e Dani, Cláudião Dundes, sempre preocupado se vou chorar e se vou morrer, Mayumi querida que nos prestigia sempre, Felipe Souto, mais que um amigo, um fã e sua linda Marayse, apaixonada pelo Mundo Baleias. Elaine Pereira, o carinho vindo de Juiz de Fora, Matheus, filho de Carlos Henrique que se impressionou com a força Baleias, todo esse pessoal brilhou no carinho, na amizade e por nos encher de alegria.

Um anônimo que disse no blog "Me arrepiei ao ouvir a "Shosholoza", impressionante. Quantas boas lembranças que pude sentir. Parabéns a você e Wu. Como eu lhe disse, você conseguiu." Gostei demais. Em você, o soldado desconhecido, agradeço a todo mundo que torceu por nós em silêncio por não ser dado ao chamego

Foi muito divertido saber que Cael, meu irmão, meu ídolo da infância e juventude, ligou para BH para saber se já havia vindo notícia da África e ponderou com minha irmã que a ausência de notícias era positiva.

Muito feliz com a mensagem de meu irmão Ignacio parabenizando pelo feito, nós que havíamos perdido um final de semana próximo da Comrades em BH porque eu estava parado com o birinigth.

O carinho recebido de Adriana, de Balneário Camboriú, que disse não ter tido coragem de mandar msg perguntando o resultado combina muito com o carinho de Lana que me disse em Belo Horizonte que ter completado a Comrades era irrelevante, que ela estava feliz porque eu estava vivo. Adoro esse carinho radical.

A gentileza de Edilson Queiroz, marido de Marinês, que ainda dentro do estádio nos recebeu na saída da área dos corredores com três cervejas geladas para comemorar o resultado. A gente fica muito feliz com a celebração na nossa língua.

Uma certeza, a Comrades é forte, é antes, é durante e é depois. Dá para entender porque os corredores se apaixonam e querem ir sempre.

Disso tudo aprendemos algumas coisas para nós, corredores comuns.

Nos treinos é melhor rodar, rodar e rodar, fazer muito volume, submeter o corpo aos treinos longos porque o que pode te minar lá é o imenso tempo em atividade.

Uns dois ou três treinos de 60 kms farão muito bem. Não precisa de distância maior, mas é melhor mais vezes os longos nas distâncias de maratona.

A máxima de que na Comrades você completa correndo no plano e na descida e caminhando na subida não nos pareceu real. Tem que caminhar e correr em todas as partes e tocar em frente, sem parar.

Mas a principal lição que nós corredores normais, com medos e ansiedades, tiramos dessa nossa experiência é que dá para fazer. Não tem mistério, não tem subida ou descida, tem que ter vontade, decidir e ir lá fazer o melhor, sem opções outras que não chegar, comemorar e se sentir muito bem, mas muito bem mesmo.

Foi "duca"! No ano que nosso número será amarelo, iremos para o back to back com a mesma seriedade com que encaramos esse ano porque já tomamos conhecimento que muita gente acha tranquilo e no ano seguinte não consegue completar. Um grande sinal de inteligência é aprender com a história da humanidade, sem precisar, necessariamente, passar pelo mesmo imbróglio. Antevejo os medos, receios e ansiedades novamente.

E depois da prova, depois do sucesso, foi só passear, alegre, feliz, com dor na coxa que dificultava andar, levantar, subir e descer escada. Sem dúvida nenhuma a maior dor muscular de nossas vidas de corredores. E um detalhe divertido. A maior dificuldade da Comrades é subir e descer a escada que te leva para fora do estádio. Caramba, será que não tem jeito melhor?

Na segunda-feira fomos para a Cidade do Cabo. Foi um dia sem fotos, com movimentos lentos e doloridos.

Eu e Wu saímos muito cedo do hotel e pegamos o avião às 09.55 e ouvimos o comandante da aeronave cumprimentar os bravos corredores que completaram a Comrades. Uma salva de palmas irrompeu no avião. É chique demais, emocionante pra caramba. Foi nossa segunda experiência pois um comandante da TAM já havia feito gesto semelhante numa das maratonas de Foz do Iguaçu anos atrás. 
Na terça-feira fomos visitar a Ilha Robben. Perdermos o passeio das 09:00 que havíamos comprado desde o Brasil porque a noite havia sido forte e não foi possível muita agilidade na alvorada.

Contamos com a compreensão e gentileza do pessoal do Museu da Ilha de Robben e conseguimos entradas para a visita das 11 horas, que já estava esgotada. Marinês e Edilson, que estavam em outro hotel, não perderam o horário e o desencontro foi total na Cidade do Cabo.
Assim iniciamos o que mais gostamos de fazer depois das provas, ainda lotados de endorfinas. Sorrir, conversar em língua que ninguém entende nada, tirar fotos, celebrar a alegria de estar lá longe, noutro pais, passeando, numa terça-feira do mês de junho. A gente pensava nos amigos do Brasil e dava uma saudade fraterna.
Com Nelma, moçambicana que me auxiliou na compreensão de alguns momentos do passeio.
Com outra amiga que quis tirar foto conosco, no barco que nos levava à ilha.
A chegada na ilha, como no filme. Eu havía lido três livros sobre Nelson Mandela e visto dois filmes, então pude aproveitar bem o passeio, mesmo sendo todo ele com guia em inglês e com o Paulo Gustavo, o único que dominava o idioma entre nós, dormindo na frente do guia em todos os momentos que estávamos sentados.
Era um sonho estar ali. Wu tirou a foto quando eu ainda estava explicando o que queria.
As jornadas são árduas e longas na África do Sul.
 No pátio da prisão onde Nelson Mandela esteve por 18 dos 27 anos em que esteve preso.
A cela minúscula onde viveu esses 18 anos. A história de Nelson Mandela é impressionante, sou fascinado. Não há quem, na história, eu admire mais.
 Despedindo do guia que nos orientou dentro do prédio da prisão. A visita também nos levou por toda a ilha de ônibus.
Wu encontrou um memê na ilha! Parado não vale. Mas durante a viagem o danado fez 3x0. Nada dá errado para esse cara.

Saindo da ilha contratamos um taxi para nos levar ao ponto extremo da Cidade do Cabo, o Cable Point, o ponto mais austral da África e chegamos lá 15 minutos depois de fechado o parque. Ficamos com a lembrança de Ênio Akio, o desbravador Baleias na África que lá esteve. Tudo sem drama, completada a Comrades, nada era problema. Fomos conhecer o oceano índico que estava enorme em Durban e a gente não encostou a mão.
Marina e seu surfista.
O toque no Índico. Mais um para a coleção. No Chile, para a Maratona de Santiago 2010, conhecemos o Pacífico, em Barcelona toquei no Mediterrãneo e o Atlântico, ora, sou de Juiz de Fora, fica na exquina!
Nossa cerveja, autorizada excepcionalmente no blog dado a dimensão do feito. Para nós e para o personagem, "Longe é um lugar que não existe".
Na noite da Cidade do Cabo tendo a notícia de que Ronaldinho Gaucho foi para o Galo. Boa notícia. Lá ele terá tudo o que precisa. Balada então...!
Uma noite que seria longa e bem vivida. Dessa formação inicial sobramos eu e Wu.
Alegres e muito bem recebidos no terceiro bar da noite em Cidade do Cabo. Ganhamos de lembrança dois copinhos em que estavam uma bebida colorida oferecida. Não sabíamos o que era, mas tomamos.
Bondinho, teleférico e afins, mais um prazer Baleias vivido em plenitude. Subimos a Table Montain.
O registro para a posteridade, lá das alturas.
Cidade do Cabo. Nossa visita foi literalmente voando porque fomos no mesmo taxi que nos levaria ao aeroporto.
Já em Johannesburgo todos juntos novamente. Maria José preferiu dormir.
Mais um registro do nosso direito conquistado com louvor. A foto é linda mas essa cerveja tava quente demais, um purgante. Bebemos tudo assim mesmo.
Um show na noite de Joburg, como nós, os íntimos, a chamam.
No dia seguinte, um dia inteiro de passeios pelos sonhados pontos de Johannesburgo. Em Soweto, no museu construído no local do massacre de 1976.
Na casa de Nelson Mandela, na verdade na casa de sua família, onde Winnie, com quem a história me parece injusta, criou sozinha as filhas, já que Nelson Mandela passou quase todo o período em que deveria ali morar, preso.
O estádio da final da Copa 2010, Soccer City. Vimos também o Orlando Stadium, em Joburg, onde o Brasil jogou. Na Cidade do Cabo vimos o Green Point, de visão muito bonita. Impossível não ter uma sensação de esperdício e exagero com esses estádios todos.
Ficamos horas nesse museu. A turma que domina a língua aproveitou mais e Wu me respondeu tradicionalmente quando comentei a esse respeito com ele.
Dentro do museu uma exposição sobre Nelson Mandela, Camarada, Líder, Prisioneiro, Negociador, Estadista. Pena que não era possível fotografar. Muito emocionante as imagens. 
Encerrados os passeios retornamos para Melville, nosso bairro, para o último jantar em Joburg. O flagrante de um momento florido, um jardim paulista e Baleias.  
Na véspera de vir embora, mais um registro autorizado excepcionalmente no blog.
E na última noite na África os banheiros começaram a complicar. Esse cara tá de saia, não tá? Como saber que esse era o banheiro masculino?
E depois esse! Ora, gents todos nós somos, homens e mulheres. Quais gentes devem entrar. Faltou clareza. Nesses tempos de próstata alterada essas dúvidas podem ser fatais.
Com as crianças dormindo sobrou para os três adultos da turma encerrar o passeio na África com uma certa dose de exagero. Encerramos no bar chamado Ratz. Nada mais apropriado no momento.
Uma bebidinha local para animar a noite.
Nessa altura eu já havia trocado de blusa com meu amigo. Era a terceira blusa Baleias deixada em solo Africano. A emoção da Comrades era inesgotável. 
Paulo Gustavo colecionando rótulos e experiências.
No aeroporto de Joburg Haile me convidou para correr na Etiópia. Anotem aí. Eu vou correr uma maratona na Etiópia, no Quênia e na Tanzânia.

Na volta, no avião, no excelente serviço da SAA, tomamos todas as cervejas que deixamos de tomar na ida e vimos três filmes em quatro poltronas livres para mim e Wu. E ainda tinha Amarulha, pequenininha, que Maria José nos ensinou a pedir. Solicitei uma e a aeromoça perguntou se eu queria gelo. Eu disse: "no, souvenir!" Ganhei mais uma. É isso!
E no retorno a Belo Horizonte uma surpresa das mais emocionantes de todas. A recepção Baleias. Tadeu, Izabela, Lana, Jéssica, Maria, Toledo, Tu e Clara, as filhas de Lana, encheram o saguão de esfuziantes palmas quando surgimos. Era o desfecho de ouro, a sensação de superstar que me acompanha em muitos momentos, concretizada.
Lana, que eu acredito irá correr essa prova um dia, vibrava e era alegria só.
Tu, de camisa Baleias me chamou atenção porque eu não estava de Baleias. Valeu Tu, tá anotada a crítica.
Izabela, amiga nova na Equipe Baleias, que é muito simpática e carinhosa conosco e que estreiou de Baleias nos 10 kms da Caixa. Foi muito bom receber o carinho dessa turma.

Não sei como encerrar o relato. Tem coisa demais ainda para escrever, para agradecer, para celebrar. A cada momento acrescento mais alguma coisa. Não quero parar de escrever, de contar, de celebrar. 

Acho que todo mundo que gosta de correr muito deveria fazer. É outra história, é outro mundo, são sensações diferentes das que estamos acostumados. Fazer parte disso dá um orgulho danado e completar então, faz um bem enorrrrme! E se eu dei conta, para quem é difícil? Comece a planejar de uma vez. Ninguém irá se arrepender.

Fica todo mundo convidado para o ano que vem, quando iremos buscar o back to back. Não planejamos mais do que isso. Nosso ciclo na Comrades se completará com essa segunda vez porque o mundo e o Brasil ainda têm muitos lugares para correr e conhecer.

Paulo Gustavo e Maria José também estão no combinado Comrades, o retorno. Se tudo der certo, no ano que vem, no meu cartão e no de Wu constará, além de "Maratonista", logo abaixo, "back to back na Comrades".

Obrigado meus amigos por tudo, a Comrades vale a pena demais e nos somos mesmo FPC, sou obrigado, humildemente, a reconhecer! 

Abraço forte, nos vemos na maratona do Rio, na feira, sábado, perto de 13 horas, nós três de camisa da Comrades, claro.

Miguel Delgado.