Aconteceu o que nós de Belo Horizonte temíamos: que a experiência em realizar uma boa meia maratona não significasse, necessariamente, sucesso ao duplicar a empreitada com a realização da maratona.
Como disse no título o que fica da experiência da Maratona da Linha Verde é que a Meia Maratona continua sendo uma boa prova.
Uma sensação de descaso com a segunda parte da prova, uma falta de planificação eficiente nos intervalos de hidratação e uma perceptível vontade de ir embora dos responsáveis pelo apoio fulminaram a maratona.
Talvez o excesso de autopromoção do Japão, que sempre esteve muito maior do que a Maratona em todas as peças publicitárias, talvez candidato a vereador, tenha resultado numa alteração de preocupações (os modernos diriam "foco") no evento tirando os corredores do centro das atenções.
Espero que a análise a ser feita pela By Japão seja bastante criteriosa se pretender salvar o nome da Maratona da Linha Verde, maculado pelos 21 kms finais da prova. Espero que queiram salvar a má impressão deixada. Numa das peças publicitárias Japão dizia que a maratona teria semelhanças com a de Boston! Entendi, que Boston heim!
Mas no submundo Baleias, um ótimo submundo, diga-se, a festa foi incrível porque somos mais do que as horas de prova, somos o dia anterior, somos a festa de massas, somos a alegria do encontro na largada, somos a satisfação de ver os nossos e nossos amigos no decorrer da prova e trocar rápidas palavras de incentivo e/ou declarações de cansaço extremo.
Assim, do nosso Jeito Baleias de Ser, não foram registrados abalos dignos de nota, ao contrário tivemos incríveis vitórias pessoais revestidas de aparente derrota. Outrossim sobrou em nós Baleias de Belo Horizonte uma vontade de que a Maratona por aqui continue, acerte o passo e vire um orgulho de nossa cidade. Torcemos para o sucesso da empreitada e tudo o que falamos e falaremos aqui tem o único propósito de contribuir com a festa.
O blog Baleias não tem o costume de ficar repassando erros de provas em terras nas quais somos convidados, mas em Belo Horizonte não somos convidados, em Belo Horizonte, a Sede Mundial, somos anfitriões, independentemente do organizador da prova, e em nossa casa somos obrigados a contribuir para melhorar o espetáculo.
Mas vamos à festa Baleias que sempre começa antes da prova!
A festa Baleias iniciou-se no sábado com a chegada dos amigos e a entrega do kit.
Depois de passar a manhã na clínica de fisioterapia tentando definir se iria correr ou não a prova fui encontrar com os amigos (fui uma péssima companhia no sábado à tarde) vivendo o maior dilema já experimentado na minha vida de corredor. O que fazer? Qual orientação seguir? Correr, ou tentar correr Belo Horizonte, inviabilizaria a Comrades? Mas como ficar parado mais um final de semana depois dos 10 dias em que fiquei parado pelo exame na Holanda? Faltava apenas um mês para os 89 kms.
Silvio Barbosa, de Londrina, ligou dizendo que os voos foram cancelados e que não viria mais. Uma perda significativa para nossa festa. Encontrei Marinês, Wu, Tinil, José Maia, Neto e Dani e fomos para um restaurante. Gilmar Farias chegou também trazido por Ênio BH e João Batista. Carlos Henrique, Jessica e Mister M, que não aparece em fotos, nos deram a graça da companhia por alguns momentos.
Gilmar, em momento de extrema gentileza, rotina em sua conduta de vida, exibe a mochila que fez, segundo revelou, baseado na dica de Miguel Delgado na revista Contra-Relógio de abril.
Depois, Marinês Melo e Gilmar Farias vão conhecer um local que muitos imaginam não existir. O local de trabalho desse humilde missivista eletrônico.
À noite iríamos para o Jantar de Massas Baleias, antes buscamos Walter Barbosa na rodoviária, vindo de Confins, para entregá-lo aos cuidados de Wu, Tinil e José Maia. Fiquei temeroso por Walter!
Antes do jantar, Marinês Melo, atuando como aparelho de minha mãe (o sábado pré-maratona era o dia de seu aniversário, e mesmo não estando conosco não deixa de me proteger, na maioria das vezes, de mim mesmo), estabeleceu a forma de correr a prova: usar as meias esportivas de mulher que protegem a panturrilha. A energia da bruxa Marinês captava contatos imediatos de minha mãe e repetia frases que seriam dela.
Mas onde conseguir a meia esportiva de mulher àquela hora?
Lembrei-me de Lana, liguei, contei meu drama e ela achou um exemplar da meia perfeita na gaveta de seu marido, Tadeu.
Conversei com Tadeu sobre a possibilidade do empréstimo e recebi dele uma das frases mais bonitas que já ouvi no Mundo Baleias: _"Miguel, se eu tenho a meia, você também tem! Foi lindo e minha ansiedade estava resolvida. Tadeu, eu te amo!
Eu Iria correr a maratona, iria tentar, tudo mais adequado ao meu jeito que não é o de deixar de tentar para ficar prudentemente olhando para a panturilha pedindo-a para sarar.
O final do sábado mudou e o jantar de massas foi para mim farra das melhores.
Lana comandando a turma da pesada. Walter, naquela mesa, decidiu trocar a meia pela maratona no final de semana de 08 de julho no Rio de Janeiro. É isso, garra e prudência sempre, uma bem longe da outra.
O momento sublime do jantar de massas. A entrega da camisa a Maria Vilanova de Imperatriz no Maranhão. Nossa primeira Baleias do Maranhão. Na verdade Maria é nascida em
Tumtum, mas mora há anos e corre por Imperatriz. Se colocássemos o nome da cidade de nascimento na camisa Maria teria dificuldade de ficar a todo momento explicando o que seria o Tumtum atrás.
Seja muito bem vinda Maria Vilanova, o Mundo Baleias orgulha-se de tê-la conosco e espera te ver em Assunção em agosto.
Gilmar Farias nosso amigo do coração com a camisa em sua homenagem que usei no Japão. E eu participava do jantar e correria com a camisa Baleias que tem a bandeira da Acorja na frente. Nosso amigo merece muito, mas muito mais, mesmo. Completa a foto da coluna Elaine Pereira, guerreira que correu há 15 dias uma meia maratona em Juiz de Fora e não deixou de vir para a festa Baleias na Linha Verde.
Recebemos, para nossa alegria, Nilson de Uberlândia, amigo conquistado na farra das maratonas do Desafio de 2009 e Amorim, do Rio de Janeiro, também colecionador de quilômetros.
Os três corredores da maratona de Boston no último dia 16 de abril. Essa turma têm índice.
Ismael Neto mostra seu novo calçado. Ismael é o de jeans na foto.
Olício, Baleias histórico, o primeiro conquistado nas pistas e não parente da diretoria, e Rosângela.
A alegria no jantar de massas. De braços abertos comigo, Isabela Araújo, nova Baleias trazida pelas mãos de José Álvaro. Uma simpatia de pessoa que muita alegria dará ao mundo Baleias.
Recebemos, para nossa honra, a visita no jantar de Luiz, um corredor de ideias firmes, talvez o corredor mais sistemático de Belo Horizonte e sua esposa Nilce. Passar no crivo de Luiz é bom sinal. Valeu Luiz por sua presença.
Com William Pereira e sua simpática esposa Eliana que vestirá nossa camisa no apoio Baleias. Eliana, o mundo Baleias é mais feliz com sua adesão.

Casal Teen. Neto e Dani.
No templo do Bolão, eu com meus dois gafanhotos, canditados a estrelarem um filme de Kung-fu nacional.
A foto final do jantar de massas. Normal.
Mas o cara veio correndo em nossa direção e não sabiamos o que aconteceria. Foi perfeito. Se fosse combinado não daria tão certo. Essa foto é para sempre!! E o Wu dando uma de " o moita"!
No dia seguinte, ainda de madrugada, receptores da gentileza de Dani que nos levou até o local das vans e registrou o primeiro momento do dia da prova.
Que fila mais linda!! Seguimos para a largada na van da organização e aguardei Lana chegar com a meia de mulher que já havia mudado minhas ansiedades.
Na largada encontramos vários amigos que nos deram a honra de arriscar em nossa primeira maratona depois de alguns anos. Eduardo de Ribeirão Preto, que anda um pouco triste e o nosso amigo de Assunção que fica sempre um ano sem qualquer manifestação.
Fábio Namiuti, Sem Juízo aqui, de São José dos Campos e Rampazzo, nosso homem do fogo de Campinas. Na foto a Equipe Baleias já com Marcelinho Cálix e Gustavo Kascher.
Na largada ficamos sabendo que Valdomiro e Vivi, o primeiro casal Baleias, deixaram a Equipe Baleias. Ficamos pesarosos, mas entendemos e desejamos sorte ao casal em sua nova empreitada.
É sempre triste saber que alguém deixou a Equipe Baleias, mas, infelizmente ocorre. Aline, nossa primeira mulher maratonista, foi a primeira a abandonar o barco Baleias. A gente ainda sente saudades do mau humor dela. Tivemos também algumas passagens meteóricas pelo bando Baleias. Converso sempre sobre isso com o Wu e obtenho sempre a mesma resposta...
Borges, o homem do bonde, amigo dos tempos do Desafio das 6 Maratonas de 2009, que espalha suas fotos e seu carisma por onde passa.
Lana chegou com as meias de mulher. Calcei e cheguei a conclusão de que depois de correr com aquelas meias de muller outras coisas mais radicais talvez passassem a não pertencer mais ao lado imponderável da vida. Se eu aderir ao short do Cláudio Dundes, aí já era!
A última foto antes da largada, já vestido de mulerr!
Wu, Carlos Henrique e Ismael Neto ficaram encarregados de escoltar Marinês Melo na prova já que eu estaria num ritmo absolutamente diverso. Eu faria a prova somente para completar, frase essa que arrepia o corpo jornalístico da minha estimada Contra-Relógio.
Talvez seja isso que a Contra-Relógio não entenda. Existem momentos que apenas completar uma prova, num tempo sofrível que seja, em tese, tem o significado pessoal de recorde, de superação. Deveria eu, às vésperas da Comrades, abrir mão de correr a maratona porque não poderia fazê-la abaixo de 5 horas? Não correr porque a performance seria triste? Porque meu tempo não seria nem perto de razoável? Porque correria o risco de perder para o Tinil? Mas eu sou amador, corro porque gosto. Porque tenho que correr sempre querendo melhorar meu tempo? Porque em alguns momentos não posso querer apenas o melhor de mim, mesmo que pelas circunstâncias o melhor de mim esteja além das 5 horas?
Eu estava feliz com a decisão. Não sou de desistir por antecipação e nem por pouca dor. Coloquei 120 reais no short para um dramático taxi no caso de dar tudo errado no primeiro km e segui preparado psicologicamente para ser o último da maratona, vislumbrando o objetivo Comrades, que não poderia me deixar inerte naquele domingo, mas que também pode dar errado, mas só no dia 03 de junho para saber. Desde já, não.
Partimos e para minha surpresa recebi a companhia de Tiago Maciel até o km 24 quando ele seguiu. Valeu demais, essa companhia foi sensacional.
Lá na corrida de 6 kms Maria Vilanova brilhava envergando o Manto Coral pela primeira vez. Tem estilo essa moça. Vai arrebentar em Assunção.
Como esse relato em termos da prova em si está completamente ultrapassado não repassarei aqui os erros já comentados em prosa e verso nos diversos foruns da internet, postos de água dispostos sem lógica e regularidade no percurso, alguns retirados antes da hora, transito liberado antes do tempo limite, retirada de posto de gatorade por conta de ameaça de chuva. Uma tristeza.
A Meia Maratona seguiu sem problemas, embora os postos de água não guardassem uma lógica de distância, mas uma boa meia maratona.
Os amigos da meia maratona Elaine e William já tranquilos depois da chegada enquanto a turma que se aventurou nos 42 sofreu bastante.
A partir da saída do túnel a água demorou demais e nunca mais foi perfeita. Como minha visão é a dos últimos, sei que foi duro para quem se manteve na pista por mais de 4 horas.
Toledo brilhava nas pistas e nas mídias. Todo estiloso, mas esse shortinho por baixo também é de mulerr!!
Marinês brilhava e seguia na companhia de Wu. Carlos Henrique e Neto não cumpriram sua missão e ultrapassaram a moça para serem superados depois.
Novamente Toledo em dois momentos. Na chegada.
E já na descontração de quem fez mais uma maratona.
Carlos Henrique correu os 10 kms finais com o apoio de sua filha Jéssica, um doce de Baleias.
O apoio garantiu a conclusão, revelaria mais tarde o feliz pai.
As palavras de Carlos Henrique: "
Com a sensibilidade que é marca registrada daqueles que se unem aos Baleias, obvio que durante aquele abraço, que aconteceu no km 29, quando eu já sentia dor por sete kms, as lagrimas foram inevitáveis e somente continuei por dois motivos, por ser Baleias e pelo carinho e incentivo da nossa baleinha Jéssica."
Lana mostrando mais uma vez a garra, valentia dessa cidadã jacintense. O norte de Minas esculpiu uma mulher com fibra e determinação.
Eu, que corri no ritmo que havia traçado, cuidando da perna, estava feliz como poucas vezes. Senti-me forte como um touro, mas espero que a Comrades não seja o toureiro. E recebi a gentileza impar de Marinês Melo que foi me buscar no km 40.
Eu achava que o tempo limite da maratona seria de 6 horas, como é usual. Não havia lido o regulamento e alguns amigos corroboraram essa ideia de que 6 seria o mínimo. Mas não era e posso me considerar desclassificado, embora conste da listagem oficial, uma vez que ultrapassei o limite de tempo estabelecido no regulamento, que era 5 horas e 30 minutos.
Mas nas circunstâncias foi uma vitória estupenda, eu estava orgulhoso e feliz comigo mesmo e com meus amigos e amigas que foram uníssonos no apoio ao maratonista moribundo daquele final de semana.
Eu tinha muito orgulho de nunca ter ultrapassado em toda minha carreira o tempo limite da prova, mas sei que o orgulho existe para ser subjulgado pela realidade, ou como diria minha finada tia Dedete, há momentos em que a única opção é "enfiar a viola no saco".
Marinês Melo superou Carlos Henrique, Ismael Neto e também Wu, seu parceiro por quase todo o percurso.
Após a corrida Tinil, Walter, José Maia, Wu, Zilda e Natália, estacionaram perto da chegada e seguiram por ali até o fim da noite. Para Wu, a partir daquele momento, a satisfação de completar uma prova tão dura seria coroada com a vitória do seu América sobre o Cruzeiro. Ao final do jogo Wu entraria para a história daquela esquina, daquele bar.
Noutro lado da cidade eu terminaria o dia levando Gilmar Farias e Marinês Melo ao aeroporto para o retorno.
Uma pena os equivocos da prova, mas foi uma alegria muito grande receber os amigos e correr uma maratona em Belo Horizonte. Foi uma prova especial para muitos, não pela prova, mas pelas histórias pessoais daquele dia.
Como diria Walter Barbosa, faltou carinho ao organizar a prova. Essa é a síntese da Maratona da Linha Verde, faltou carinho e para fazer uma prova sem carinho, tem que ter a estrutura da Yescom.
Abraço a todos os amigos e amigas do Bando Baleias de BH e do Brasil, todos os corredores e corredoras Baleias que correram as provas da Linha Verde, todos os corredores e corredoras Baleias que estiveram conosco no jantar de massas, mesmo sem estar inscrito na prova e agradeço demais aos amigos Baleias que vieram a Belo Horizonte. O coração Baleias jamais esquece.
No final de semana seguinte, eu, Wu, Neto e Marinês, na companhia de Zilda, fomos fazer a maratona de Brasilia e mais um pouquinho para completar 55 kms. Mas aí é outra história.
Valeu mundo Baleias. A Comrades atrasa tudo, mas tá valendo.
Miguel Delgado.